
Em 26 de janeiro de 2025, a Colômbia recusou a aterrissagem de dois aviões militares dos Estados Unidos que transportavam migrantes devolvidos, desencadeando uma reação imediata da administração Donald Trump, que ameaçou tarifas de 25 % – chegando a 50 % – e restrições de vistos. Um dia antes, em 25 de janeiro, o México havia feito situação semelhante, negando outro voo militar americano.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou que o país "não será mais enganado nem aproveitado" e que "é responsabilidade de cada nação devolver seus cidadãos que estejam ilegalmente presentes nos Estados Unidos de forma séria e expedita". Rubio ainda acusou o presidente colombiano de cancelar autorizações enquanto os aviões ainda estavam no ar, criando o que descreveu como "crise diplomática".
Em resposta, o presidente colombiano Gustavo Petro usou a rede X para condenar a postura americana, afirmando que "os EUA não podem tratar migrantes colombianos como criminosos". Na mesma plataforma, Petro anunciou que o ministro de Comércio Exterior enviaria um comunicado para aumentar as tarifas de importação de produtos americanos em 25 %.
Contexto da política migratória entre EUA e América Latina
Desde 2020, a Colômbia aceitou 475 voos de deportação coordenados com a administração de Joe Biden. Desses, 124 ocorreram apenas em 2024, sempre com aviões comerciais ou fretados e com aviso prévio de até 48 horas. A mudança de postura sob a segunda gestão de Trump — uso de aviões militares sem aviso – rompeu um protocolo que, segundo analistas, era essencial para preservar a soberania dos países receptores.
Recusa dos voos militares: o que aconteceu em 25 e 26 de janeiro
No dia 25, um C‑130 transportou cerca de 150 migrantes de origem colombiana que haviam sido retirados de lares em Arizona. Ao tentar pousar em Cartagena, as autoridades colombianas impediram a aterrissagem alegando ausência de autorização prévia. O mesmo cenário se repetiu no dia 26, quando outro avião foi desviado para Honduras.
A Casa Branca divulgou, ainda em 26 de janeiro, que negociações de última hora levaram a um acordo: a Colômbia aceitaria os voos militares desde que houvesse autorização antecipada e garantias de tratamento digno dos deportados.
Reações de Washington e Bogotá
Além das ameaças de tarifas, Trump prometeu impor sanções financeiras e suspender vistos a funcionários do governo colombiano e a seus aliados. O discurso do presidente foi transmitido ao vivo em sua conta do X, onde declarou que “os EUA não tolerarão mais descuidos que colocam em risco a segurança nacional”.
Petro, por sua vez, mandou o avião presidencial Avión Presidencial Colombiano até Honduras para recolher os cidadãos que estavam a bordo, ressaltando que a medida “mostra respeito à dignidade humana e à soberania nacional”.

Impactos econômicos e diplomáticos
- Tarifa de 25 % sobre produtos americanos, com projeção de subir para 50 % em uma semana.
- Possível retração de 3,2 % nas exportações colombianas para os EUA, segundo o Instituto de Estudos Econômicos.
- Risco de restrição de vistos que poderia afetar cerca de 12 mil diplomatas e empresários colombianos nos EUA.
- Reação de outros parceiros da região, como a Argentina e o Peru, que monitoram a situação para avaliar possíveis respostas semelhantes.
Juliette Kayyem, analista de segurança nacional, destacou que o uso de aviões militares “transforma um processo administrativo em um ato de poder”, aumentando a tensão entre Washington e Bogotá.
Próximos passos e análises de especialistas
Tim Naftali, da Columbia University, explicou que a lei internacional considera a aproximação de aeronaves militares sem acordo prévio como violação da soberania, o que legitima a resistência colombiana.
Entretanto, o acordo alcançado no fim do dia 26 inclui cláusulas que obrigam a Colômbia a aceitar voos militares mediante notificação com pelo menos 72 horas de antecedência e a garantir condições de transporte que não envolvam algemas nos pés ou nas mãos – prática criticada em 2023 após incidentes semelhantes.
Especialistas apontam que, se a tensão se repetir, Washington pode recorrer a medidas ainda mais agressivas, como bloqueio de créditos do Banco Interamericano de Desenvolvimento para projetos de infraestrutura colombiana.

Perspectiva de longo prazo
A disputa evidencia uma mudança de estratégia da administração Trump, que tem reforçado sua política de pressão econômica para obter concessões migratórias. Enquanto isso, a Colômbia tenta equilibrar a necessidade de cooperação migratória com a defesa da soberania nacional e da dignidade dos migrantes.
Observadores acreditam que o episódio servirá de referência para futuros acordos de deportação em toda a América Latina, especialmente diante das próximas eleições em vários países da região.
Perguntas Frequentes
Como as tarifas americanas afetam a economia colombiana?
A tarifa inicial de 25 % deve cortar cerca de US$ 400 milhões das exportações agrícolas colombianas para o mercado dos EUA. Setores como café e flores, que dependem fortemente do comércio americano, podem ver suas receitas cair até 15 % nos próximos trimestres.
Por que a Colômbia rejeitou os voos militares?
A rejeição baseou‑se na falta de autorização prévia, o que a lei internacional considera violação da soberania. Além disso, havia preocupação com o tratamento dos deportados, que anteriormente foram encaminhados usando algemas.
Quais são as diferenças entre a política de deportação de Biden e de Trump?
Biden utilizou voos comerciais e charter, sempre com notificação de 48 horas e acordos bilaterais. Trump passou a empregar aviões militares sem aviso, gerando tensões diplomáticas e questionamentos sobre a soberania dos países receptores.
O que acontece se os Estados Unidos aplicarem as sanções de vista?
Uma proibição de vistos poderia impedir que milhares de profissionais, estudantes e diplomatas colombianos entrassem nos EUA, afetando intercâmbios acadêmicos e negócios. O impacto seria sentido principalmente nas áreas de tecnologia e engenharia.
Qual a perspectiva para futuras cooperações migratórias na região?
Especialistas acreditam que os países latino‑americanos exigirão acordos mais claros e garantias de tratamento humanitário antes de aceitar voos militares. A tensão atual pode acelerar a criação de um marco regional sobre deportações.
Maria Cardoso
Trabalho como jornalista de notícias e adoro escrever sobre os temas do dia a dia no Brasil. Minha paixão é informar e envolver-me com os leitores através de histórias relevantes e impactantes.
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Janaína Galvão
É óbvio que esse medo dos EUA é só fachada para um plano global de controle da população!!!