O Atlético-MG surpreendeu o futebol juvenil brasileiro ao eliminar o Flamengo nas oitavas da Copa do Brasil Sub-20 por pênaltis, depois de um empate no agregado. A vitória sobre o São Paulo Futebol Clube por 1 a 0, na ida das semifinais, jogada na Arena MRV em Belo Horizonte no dia 26 de novembro de 2025, colocou o Galo a um passo da final — e talvez até a um clássico mineiro. O gol, marcado pelo lateral-direito Lucas Souza aos 25 minutos do primeiro tempo, foi fruto de uma jogada limpa: passe de Iseppe, drible no zagueiro e chute de canhota no canto direito do goleiro. Nada de festa exagerada. Apenas um sorriso contido. Porque, para esse time, cada vitória é uma redenção.
Um time que recusa o fim
O Atlético-MG, que foi rebaixado no Campeonato Brasileiro Sub-20 da mesma temporada, chegou à semifinal como um time que ninguém esperava. A equipe, comandada pelo técnico Leandro Zago, não vencia grandes jogos desde o início do ano. Mas aqui, na Copa do Brasil, tudo mudou. Nas oitavas, superou o Flamengo nos pênaltis — um momento de tensão que deixou o torcedor rubro-negro em silêncio e o torcedor alvinegro em lágrimas. Nas quartas, enfrentou o Sport e saiu vitorioso com um empate fora de casa e uma vitória em casa. E agora, contra o atual campeão? Venceu com a cabeça baixa, sem exageros, mas com eficiência.Um gol, uma lesão, uma mudança de jogo
A partida contra o São Paulo não foi fácil. Aos 32 minutos do primeiro tempo, o jovem João Marcelo sofreu luxação no ombro direito e foi substituído por Pascini, que teve que se adaptar à ponta esquerda. O técnico Zago, sem opções, mandou o atacante Louback para o centro, e o sistema ofensivo se reorganizou como se fosse um quebra-cabeça montado na pressão. O São Paulo, por sua vez, teve sua melhor chance com Gustavo Santana, que cabeceou de cabeça baixa e quase fez o gol da virada. Mas o goleiro Robert fez uma defesa digna de final de Libertadores. O árbitro Hieger Tulio Cardoso manteve o controle da partida sem interferências polêmicas — algo raro em jogos juvenis.No segundo tempo, o Atlético quase ampliou. Louback recebeu bola viva na área, chutou forte e acertou a trave. O som foi de um estalo. O estádio respirou fundo. Foi o suficiente. O placar de 1 a 0, com vantagem para o Galo, deu um fôlego extra. A equipe não precisou jogar com medo. Precisou jogar com confiança. E conseguiu.
Final mineira? O sonho está vivo
Na outra semifinal, o América-MG venceu o Instituto de Administração de Projetos Educacionais do Maranhão (IAPE-MA) por 1 a 0, com gol de Jhonatan Lima, no Estádio Independência. Se o Atlético-MG repetir a dose no jogo de volta — marcado para 4 de dezembro de 2025, na Arena Inamar, em Diadema — a final será uma festa mineira. Dois clubes da mesma capital, dois times que não têm o brilho dos grandes, mas que têm garra, identidade e um sonho que ninguém queria ver morrer. O América-MG, que também passou por dificuldades na fase de grupos, agora se vê como um rival possível, mas não intransponível. O torcedor alvinegro já começa a cantar: “Se for contra o América, é só mais um clássico”.Um caminho inesperado, mas merecido
O Atlético-MG não é o time mais talentoso da competição. Não tem os maiores nomes do futebol juvenil brasileiro. Mas tem organização. Tem treinamento. Tem um técnico que acredita no coletivo. Leandro Zago, que já passou por equipes de base em Minas Gerais, montou um time que joga com pressão alta, marca em bloco e não se desorganiza. E isso, na Copa do Brasil, é o suficiente. O São Paulo, campeão em 2024, não conseguiu reproduzir o mesmo nível de 2024. A pressão de ser campeão pesou. O Atlético, que ninguém esperava, jogou como se não tivesse nada a perder — e por isso, acabou ganhando tudo.Na primeira fase, o Galo já havia eliminado o Real Brasília por 3 a 0. Depois, o Sport, com um empate e uma vitória. Agora, o São Paulo. E a final? Talvez o América-MG. O caminho foi longo, mas o resultado é real. E isso, no futebol juvenil, é raro.
As próximas etapas
O jogo de volta contra o São Paulo, em Diadema, será decisivo. O Atlético-MG joga com a vantagem do empate, mas não pode relaxar. O São Paulo, com o apoio da torcida local, tentará virar. Ainda assim, o Galo tem algo que o adversário não tem: experiência em jogos de eliminação. E mais: um time que não se assusta com o peso da história.Se avançar, a final será em data ainda não divulgada, mas provavelmente em janeiro de 2026. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ainda não anunciou o local, mas a tendência é que seja em um estádio neutro — talvez o Morumbi, o Mineirão ou até o Nilton Santos. O que importa é que o Atlético-MG, que quase desapareceu no cenário juvenil, está de volta. E com fome.
Frequently Asked Questions
Como o Atlético-MG conseguiu superar o Flamengo nos pênaltis?
Após dois empates (1 a 1 no Rio e 0 a 0 em Belo Horizonte), o jogo foi decidido nos pênaltis. O goleiro Robert defendeu um chute e os atletas alvinegros converteram todos os quatro cobranças, enquanto o Flamengo errou uma. A pressão do adversário, combinada à calma da equipe do Atlético-MG, foi decisiva. O técnico Leandro Zago havia treinado os pênaltis durante semanas, priorizando a técnica e a psicologia dos jogadores.
Por que o gol de Lucas Souza foi tão importante?
Lucas Souza, lateral direito, nunca havia marcado gol em competição oficial da base. O gol contra o São Paulo foi seu primeiro na temporada e veio em momento crucial: após um passe de Iseppe, ele driblou o zagueiro e finalizou com precisão. Isso não só abriu o placar, mas também deu confiança ao time, que passou a jogar com mais segurança. O gol foi o primeiro da equipe contra o São Paulo em quatro confrontos na competição.
Qual o impacto da lesão de João Marcelo na partida?
A lesão do meia João Marcelo aos 32 minutos do primeiro tempo forçou o técnico Zago a mudar o esquema tático. Pascini, lateral-esquerdo, foi improvisado na ponta, e Louback recuou para o centro. Essa mudança acabou gerando mais eficiência ofensiva, já que o São Paulo não conseguiu marcar bem o novo posicionamento. O time se adaptou com agilidade — algo que só equipes bem treinadas conseguem fazer em jogos de eliminação.
O que está em jogo para o Atlético-MG além da final?
Além da taça, o Atlético-MG busca recuperar a credibilidade da sua base após o rebaixamento no Campeonato Brasileiro Sub-20. Uma final na Copa do Brasil pode garantir renovação de patrocínios, aumento de investimentos e mais visibilidade para os jovens jogadores. O clube também pode usar a campanha para atrair talentos de outras regiões, já que a equipe tem um histórico de formação sólida, mas pouco reconhecido nos últimos anos.
A final mineira é possível? Quem é o América-MG?
Sim, a final mineira é possível. O América-MG, fundado em 1912, é o segundo maior clube de Minas Gerais e tem uma base muito forte nos últimos anos. Venceu o IAPE-MA por 1 a 0 na outra semifinal, com gol de Jhonatan Lima. Apesar de menos conhecido nacionalmente, o América tem um estilo de jogo agressivo e bem organizado, similar ao do Atlético-MG. Se os dois se enfrentarem, será o primeiro clássico mineiro na final da Copa do Brasil Sub-20 desde 2013.
Quem é o técnico Leandro Zago e por que ele está sendo elogiado?
Leandro Zago é um técnico de base com mais de 15 anos de experiência, que passou por clubes como Cruzeiro e Corinthians antes de chegar ao Atlético-MG em 2023. Ele é conhecido por priorizar a disciplina tática e o desenvolvimento emocional dos jogadores. Nesta campanha, ele mudou o sistema de jogo, adotando um 4-2-3-1 mais compacto, e fez ajustes sutis que surpreenderam os adversários. Seu trabalho está sendo comparado ao de Renato Gaúcho na base do Grêmio, em 2017.
João Victor Melo
Esse time do Atlético-MG é puro coração. Não tem estrelas, não tem nomes na mídia, mas joga com alma. Cada lance, cada defesa, cada gol é uma prova de que futebol não é só talento - é garra, organização e crença. O Zago tá fazendo um trabalho de gênio, e o Robert? Um herói sem capa.
Quem disse que Minas só tem futebol de luxo? Esse time é o contraponto perfeito: simples, eficiente, e imbatível quando o jogo pesa.