Caixa muda regras de financiamento: entrada maior e teto de R$ 1,5 mi a partir de 1/11/24
12 out

Quando Caixa Econômica Federal anunciou a entrada em vigor das novas regras de financiamento imobiliário, o mercado corporou um suspiro coletivo.

A mudança passou a valer em Entrada em vigor das novas regras de financiamento da CaixaBrasil, após ter sido adiada de 21 de outubro. O comunicado oficial cabe a Paulo Prado, diretor de crédito da MySide, que detalhou como a parcela mínima de entrada sobe de 20% para 30% no SAC e de 30% para 50% na Tabela Price.

Histórico das condições de crédito habitacional

Até então, a Caixa comandava cerca de 60% dos financiamentos no país, conforme levantamento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) de setembro de 2024. O SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) já havia alocado R$ 75 bi, dos quais 85% foram consumidos até setembro, restando apenas R$ 11,5 bi para fechar o exercício.

O pano de fundo para a revisão das regras foi a queda dos recursos da poupança, principal fonte de captação da Caixa. Sem esse colchão, a instituição passou a restringir o risco, reduzindo percentuais financiáveis e impondo um teto de R$ 1,5 milhão para imóveis residenciais.

Principais mudanças nas condições de crédito

  • SAC: de 80% a 70% do valor do imóvel – entrada mínima sobe de 20% para 30%.
  • Tabela Price: de 70% a 50% – entrada mínima passa de 30% para 50%.
  • Teto de valor: imóveis residenciais acima de R$ 1,5 mi deixam de ser elegíveis ao SFH; o SFI passa a ser exclusivo para imóveis comerciais.
  • Financiamento simultâneo: cada cliente passa a ter direito a um único financiamento ativo na Caixa.

Para ilustrar, imagine um apartamento de R$ 500 mil. No regime SAC, a entrada sobe de R$ 100 mil para R$ 150 mil; na Price, de R$ 150 mil para R$ 250 mil. Já um imóvel de R$ 800 mil, antes financiado em 70% (R$ 560 mil) via Price, agora só aceita 50% (R$ 400 mil). Esses números aparecem no Jornal e Mercado e no blog do Banco Mercantil.

Impacto nos compradores e no mercado imobiliário

Impacto nos compradores e no mercado imobiliário

O efeito imediato deve ser sentido nos lançamentos residenciais de médio porte, onde a maioria das famílias depende da alta taxa de financiamento. O aumento da entrada pode reduzir a demanda por até 12% nos próximos seis meses, segundo projeção da consultoria Fipe.

Além disso, a restrição ao segundo financiamento bloqueia estratégias de portabilidade que muitas construtoras usavam para “empurrar” compradores de um programa SFH para outro SFI. Com isso, o volume de vendas de imóveis acima de R$ 1,5 mi deve cair em cerca de 18% no primeiro trimestre de 2025.

Reações de especialistas e organizações

"Essas mudanças são um reflexo direto da escassez de recursos da poupança, mas também sinalizam uma postura mais cautelosa da Caixa em relação ao risco de crédito", comenta Mariana Silva, economista da Fundação Getúlio Vargas. Ela ainda destaca que o aumento da entrada pode acelerar a adoção de programas de consórcio como alternativa.

Já a Instituto de Estudos de Mercado Imobiliário (IEMI) lançou um alerta ao setor: construtoras que não reverem seus planos de vendas podem enfrentar atrasos de obra e até repactuação de contratos.

Do lado da caixa, o diretor de políticas de crédito, Cláudio Azevedo, justificou a medida como "necessária para garantir a sustentabilidade do portfólio de crédito nos próximos anos".

Perspectivas para 2025 e além

Perspectivas para 2025 e além

Os analistas concordam que, se a demanda por crédito continuar pressionada, a Caixa poderá rever novamente os limites ainda em 2026, talvez introduzindo linhas de crédito vinculadas a garantias de renda fixa.

Para quem já tem um financiamento ativo, a regra de “um único contrato” representa um obstáculo: quem quiser mudar de regime ou incluir reforma no imóvel terá que esperar a quitação total ou buscar alternativa em outro banco.

Em São Paulo, onde a maior parte das transações ocorre, corretores já ajustam suas carteiras, oferecendo opções de entrada parcelada ou convênios com bancos menores.

O que fica claro é que a jornada da casa própria no Brasil entrou em uma nova fase, mais exigente e, ao mesmo tempo, mais transparente quanto aos requisitos de crédito.

Perguntas Frequentes

Como as novas regras da Caixa afetam a compra de um imóvel de R$ 600 mil?

No SAC, a entrada passa de 20% (R$ 120 mil) para 30% (R$ 180 mil). Na Tabela Price, a entrada sobe de 30% (R$ 180 mil) para 50% (R$ 300 mil). Isso reduz o montante financiável em R$ 120 mil no SAC e R$ 300 mil na Price.

Por que a Caixa limitou o número de financiamentos por cliente?

A medida visa conter a exposição ao risco de crédito, já que a maioria dos recursos vem da poupança, que tem se esgotado. Permitir múltiplos contratos aumentaria a vulnerabilidade da carteira da Caixa.

Os imóveis acima de R$ 1,5 milhão ainda podem ser financiados?

Não para fins residenciais. O limite de R$ 1,5 mi passou a valer apenas para o SFH. Imóveis comerciais acima desse valor ainda podem ser financiados via SFI, mas com condições diferentes.

Qual é a expectativa de especialistas para o volume de crédito habitacional em 2025?

A Fipe projeta uma queda de 8% a 12% no volume de crédito concedido pela Caixa, reflexo da maior entrada exigida e do teto de valor. Outros bancos podem absorver parte da demanda.

Existe alguma alternativa para quem não consegue arcar com a nova entrada mínima?

Sim. Consórcios, programas habitacionais estaduais e financiamentos em bancos que ainda mantêm percentuais maiores são opções. Também há linhas de crédito com garantias de FGTS que podem reduzir a entrada.

Maria Cardoso

Trabalho como jornalista de notícias e adoro escrever sobre os temas do dia a dia no Brasil. Minha paixão é informar e envolver-me com os leitores através de histórias relevantes e impactantes.

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13 Comentários

Bárbara Dias

  • outubro 12, 2025 AT 04:09

A nova política da Caixa realmente eleva a exigência de entrada; os compradores precisarão repensar seus planos!!!

Gustavo Tavares

  • outubro 13, 2025 AT 07:56

Olha só como a Caixa entrou no modo chefão! A exigência de 30% e 50% de entrada virou um obstáculo insano para a maioria dos brasileiros. Se a gente não quer mais gente na fila, é melhor abrir mão de tanta burocracia nada a ver. Ainda tem gente que acha que isso vai "salvar" o caixa, mas a realidade é mais amarga. No fim, quem paga a conta somos nós, que vamos ter que juntar duas vezes mais dinheiro antes de sonhar com a casa própria.

Jaqueline Dias

  • outubro 13, 2025 AT 08:12

Concordo que a medida parece dura, mas realmente precisamos de critérios mais rígidos para evitar inadimplência. Contudo, é preciso equilibrar proteção ao banco com acessibilidade ao crédito. Muitos compradores já estão no limite de poupança e essa mudança só vai afastá‑los ainda mais. Um ajuste gradual seria mais sensato.

Raphael Mauricio

  • outubro 14, 2025 AT 11:42

Chega de promessas vazias!

Heitor Martins

  • outubro 15, 2025 AT 15:29

Viu a mudança? Agora a Caixa quer que a gente junte mais grana antes de comprar. Sério, tá parecendo que eles acham que a gente tem dinheiro sobrando no fim do mês. Mas tudo bem, deixa eu ver se consigo um trabalho extra pra bancar essa entrada. Só não vem me dizer que é "por segurança", né? É claro que a gente vai achar mil desculpas criativas pra contornar isso.

Gustavo Manzalli

  • outubro 15, 2025 AT 15:46

Olha, enquanto a Caixa sobe a entrada, a gente tem que ser mais esperto. Existem consórcios, programas regionais e até linhas de crédito com FGTS que podem suavizar essa dor. Não adianta só reclamar, bora buscar soluções alternativas.

Pedro Grossi

  • outubro 16, 2025 AT 19:16

É importante lembrar que o crédito habitacional tem ciclos, e o ajuste da Caixa reflete a necessidade de preservar a saúde da carteira. Para quem está planejando a casa própria, vale analisar o custo‑benefício de diferentes modalidades. Simulações detalhadas ajudam a entender o impacto da entrada maior no fluxo de caixa. Além disso, conversar com um consultor pode revelar opções que não são óbvias à primeira vista.

sathira silva

  • outubro 16, 2025 AT 19:32

Exatamente! A gente tem que encarar isso como mais um desafio e não como o fim do mundo. Cada obstáculo traz uma oportunidade de se reinventar, então vamos arregaçar as mangas e buscar alternativas. Não é hora de desanimar, mas de agir com estratégia e criatividade.

yara qhtani

  • outubro 17, 2025 AT 23:02

Do ponto de vista de risco financeiro, a política de entrada maior reduz a LTV (Loan‑to‑Value) e, consequentemente, a exposição ao default. Essa abordagem está alinhada com as boas práticas de gestão de crédito, sobretudo em tempos de volatilidade macroeconômica. Contudo, a restrição de financiamento para imóveis acima de R$1,5 mi pode impactar o segmento de alta renda, reduzindo a liquidez nesse nicho. É recomendável que corretores integrem ferramentas de análise de capacidade de pagamento para otimizar a oferta.

Carolinne Reis

  • outubro 19, 2025 AT 02:49

É, porque a Caixa agora tem que proteger o patrimônio nacional! Se não fosse por essa medida, estaríamos todos afundando em dívidas impossíveis. Mas claro, sempre tem aquele grupo de “expertos” que acha que o mercado vai se autopodrer... viu? 😒

Workshop Factor

  • outubro 20, 2025 AT 06:36

A nova política da Caixa merece uma análise aprofundada sob múltiplas perspectivas. Primeiro, a elevação da entrada mínima de 20% para 30% no regime SAC, e de 30% para 50% na Tabela Price, efetivamente reduz a parcela financiável, levando a uma diminuição no volume total de crédito habitacional concedido. Em segundo lugar, a imposição do teto de R$1,5 milhão para imóveis residenciais exclui uma parcela considerável do mercado de alto padrão, o que pode provocar um deslocamento de demanda para instituições concorrentes ou para o financiamento de imóveis comerciais via SFI. Terceiro, a restrição de um único financiamento ativo por cliente tem impactos diretos na estratégia de portabilidade, limitando a flexibilidade dos consumidores que antes utilizavam múltiplos empréstimos para otimizar juros e prazos. Essa medida, embora justificável sob a ótica de contenção de risco, pode gerar um efeito de “ciclo de inadimplência” caso famílias, já comprometidas, sejam forçadas a renegociar ou buscar alternativas menos seguras. Além disso, a diminuição do montante de recursos disponíveis – da poupança – aponta para uma vulnerabilidade sistêmica que pode se refletir em menores taxas de juros, mas também em um aumento da seletividade dos bancos ao conceder crédito. Outro ponto a considerar é o efeito macroeconômico: a queda esperada de até 12% na demanda por financiamento nos próximos seis meses pode desacelerar o ritmo de construção civil, impactando negativamente o PIB e a geração de empregos no setor. Por fim, as projeções de analistas indicam que, caso a demanda de crédito continue pressionada, a Caixa pode rever novamente os limites até 2026, potencialmente introduzindo linhas de crédito atreladas a garantias de renda fixa, o que agregaria nova camada de complexidade ao cenário. Em síntese, a estratégia da Caixa, ao priorizar a sustentabilidade do portfólio, cria simultaneamente barreiras de acesso que exigem respostas estratégicas de compradores, construtoras e demais instituições financeiras.

Marcela Sonim

  • outubro 21, 2025 AT 10:22

🙄 Realmente, parece que só quem tem grana sobrando vai conseguir entrar nesse jogo agora.

joao teixeira

  • outubro 21, 2025 AT 10:39

Todo esse ajuste da Caixa é, na verdade, parte de um plano maior: controle da população através da moradia. Enquanto a gente pensa que são apenas decisões financeiras, há quem diga que quem controla o crédito controla as cidades, e isso faz parte de uma agenda de redução de autonomia dos cidadãos. Não é à toa que esses números aparecem exatamente quando certas políticas de vigilância aumentam. Fica a dica: investigue quem realmente se beneficia desse "corte" de crédito.

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