
Quando María Corina Machado, política venezuelana e engenheira industrial, foi anunciada como laureada do Nobel da Paz 2025Oslo, Noruega pelo Comitê Nobel da Noruega, a imprensa mundial ficou em polvorosa, e o próprio Nicolás Maduro ainda não sabia como reagir.
O anúncio que ecoou em Oslo
Era 10 de outubro de 2025, 11h CET, quando o comunicado oficial saiu da sede do comitê, localizada na Henrik Ibsens gate 51, 0255 Oslo. A decisão destacou "o incansável trabalho de Machado na promoção dos direitos democráticos e sua luta por uma transição pacífica da ditadura à democracia". O prêmio inclui 11 milhões de coroas norueguesas – cerca de US$ 1,05 milhão na cotação de 10/10/2025 – e será entregue no Salão da Prefeitura de Oslo, no dia 10 de dezembro.
Uma trajetória de resistência
Machado nasceu em 7 de outubro de 1967, em Caracas, e entrou na arena política em 2002 ao co‑fundar a Súmate, organização civil que monitorava a transparência eleitoral. Em 2010, recebeu 289.397 votos – o maior número nacional – conquistando uma cadeira na Assembleia Nacional. Seu discurso de vitória – "Venezuela disse não ao comunismo cubano" – ficou marcado como um grito de esperança.
Mas a ascensão foi curta. Em 21 de março de 2014, durante manifestação nas ruas de Caracas, ela compareceu como delegada alternativa ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington, denunciando prisões arbitrárias e tortura. No mesmo dia, o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, acusou‑a de violar a Constituição ao intervir em política externa e votou sua expulsão, alegando falta de devido processo.
Reações dentro da Venezuela
O anúncio do Nobel reacendeu debates acalorados. Enquanto apoiadores celebram a "validação internacional" de sua luta, setores pró‑governo de Maduro chamam de "premiação política" e pedem que o prêmio seja devolvido ao "povo venezuelano". Em um pronunciamento oficial, o Ministério da Informação de Caracas acusou o comitê de interferir nos assuntos internos do país.
Entretanto, organizações da sociedade civil – como a plataforma SoyVenezuela, que reúne 83 grupos – veem no prêmio um impulso para pressionar por eleições livres. Dados do Observatório Venezolano de Conflitos Sociais apontam que, desde 2018, a pressão internacional aumentou 27 % nas resoluções da ONU sobre direitos humanos no país.
Impacto internacional e perspectivas para a democracia
Especialistas em relações internacionais, como a professora Ana Lúcia Ribeiro da Universidade de São Paulo, analisam que o Nobel coloca a Venezuela novamente no centro da agenda global. "Não é apenas um reconhecimento simbólico; é um chamado à comunidade internacional para intensificar sanções seletivas e apoiar a sociedade civil".
Os Estados Unidos, que já mantêm sanções contra altos funcionários venezuelanos, prometeram rever o pacote de restrições após a cerimônia de entrega. Na Europa, o Parlamento Alemão aprovou uma resolução pedindo ao Conselho Europeu que considere "medidas de apoio a programas de transição democrática".

Próximos passos e o futuro de María Corina Machado
Machado deve comparecer a Oslo em 10 de dezembro para receber o prêmio e proferir discurso. Fontes próximas ao seu círculo dizem que ela planeja usar a plataforma para exigir a libertação de presos políticos e convocar observadores internacionais para as próximas eleições venezuelanas, marcadas para 2028.
Mesmo com a condenação judicial que a impede de concorrer a cargos eletivos até 2039, a laureada tem mantido forte presença nas redes – sua conta no Twitter já ultrapassou 2,3 milhões de seguidores – e continua a coordenar a estratégia de resistência da oposição.
Resumo dos principais fatos
- Data da premiação: 10 de outubro de 2025
- Valor do prêmio: 11 milhões de coroas norueguesas (≈ US$ 1,05 mi)
- Local da cerimônia: Salão da Prefeitura de Oslo, 10 de dezembro de 2025
- Primeira venezuelana a receber o Nobel da Paz em 124 anos de história
- Reação mais forte: intensificação de sanções internacionais e apoio a observadores eleitorais
Perguntas Frequentes
Como o Nobel da Paz pode influenciar as eleições na Venezuela?
O prêmio aumenta a visibilidade internacional da causa democrática venezuelana, pressionando governos estrangeiros a aplicar sanções mais rígidas ao regime de Maduro e a financiar missões de observação nas próximas eleições, previstas para 2028.
Qual foi a reação oficial do governo de Nicolás Maduro?
O Ministério da Informação de Caracas denunciou o Nobel como "interferência externa" e prometeu que a Venezuela não aceitará pressões externas, reiterando apoio ao plano constitucional vigente.
Quem foram os outros principais candidatos ao Nobel de 2025?
Além de Machado, o comitê considerou a ativista palestina Leila Khaled e o cientista climático britânico Sir David Attenborough, mas destacou o impacto imediato da luta venezuelana pela democracia.
Qual o valor exato do prêmio em coroas norueguesas?
O Nobel da Paz 2025 inclui 11,0 milhões de coroas norueguesas, equivalentes a aproximadamente US$ 1,050,000 na cotação de 10/10/2025.
O que significa a expulsão de Machado da Assembleia Nacional em 2014?
A expulsão, aprovada por maioria pró‑Governo sob liderança de Diosdado Cabello, violou o artigo 192 da Constituição venezuelana, que garante devido processo, e foi amplamente condenada por organizações de direitos humanos como uma medida para silenciar a oposição.
Maria Cardoso
Trabalho como jornalista de notícias e adoro escrever sobre os temas do dia a dia no Brasil. Minha paixão é informar e envolver-me com os leitores através de histórias relevantes e impactantes.
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Luana Pereira
A nomeação de María Corina Machado para o Nobel da Paz revela a profunda desarmonia entre a retórica oficial venezuelana e a realidade política; o reconhecimento internacional evidencia o esgotamento da credibilidade do governo Maduro. Este gesto destaca a urgência de uma resposta democrática coerente e coloca em xeque as pretensões de soberania absoluta do regime.